UFRN 2010

História 21 a 32

 

Questão 21
Com a formação do Estado, no Egito Antigo, “O faraó passou a concentrar todos os poderes em suas mãos, sendo cada vez mais considerado um deus vivo. Boa parte das terras passou a ser controlada por ele, a quem a população deveria pagar tributos e servir, por meio de trabalho compulsório. A personificação do Estado na figura do faraó e a sua identificação com um deus, permitenos,
portanto, falar em uma monarquia teocrática no Egito Antigo.”
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para o ensino médio: história geral e do Brasil: volume único. São Paulo: Scipione, 2001. p. 40.
 
Muitos Estados nacionais, no mundo contemporâneo ocidental, orientam-se pelo ideário laico e liberal-democrático, diferentemente do Estado organizado no antigo Egito, no qual predominava
A) o caráter autocrático, fundamentado na Teoria do Direito Divino dos Reis, formulada pelos pensadores Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
B) a vinculação entre religião e política, que norteou a organização do antigo Estado, originado com a unidade entre o Alto e o Baixo Egito.
C) o papel desempenhado pelos sacerdotes na construção de uma proposta política que contemplasse os interesses dos camponeses.
D) a organização de uma diarquia teocrática, segundo os princípios propostos por Amenófis IV, quando da implantação da reforma religiosa.
 
Questão 22
As imagens e o fragmento textual a seguir abordam elementos essenciais do feudalismo medieval.
                                                                    
Figura 1 – Camponês arando a terra       Figura 2 – Relações de suserania e de vassalagem
 
“O feudalismo foi constituído pela articulação entre dois eixos de relações: as relações feudo-vassálicas e as relações servis de produção. As relações feudovassálicas estabeleciam-se entre membros da aristocracia militar e territorial e baseavam-se no feudo, na fidelidade e na reciprocidade. As relações servis de produção estabeleciam-se entre o senhor da terra e o trabalhador e estavam baseadas na desigualdade de condições e na exploração do trabalho.”
PEDRO, Antonio; LIMA, Lizânias de Souza; CARVALHO, Yvone de. História do mundo ocidental: ensino médio. São Paulo: FTD, 2005. p. 97.
 
A partir da análise das imagens e do fragmento textual, sobre a sociedade medieval na Europa Ocidental é correto afirmar:
A) A reciprocidade típica das relações entre suseranos e vassalos também estava presente nas relações servis de produção, devido às desigualdades sociais existentes entre nobres e servos.
B) As relações de produção predominantes no mundo feudal estavam assentadas na exploração do trabalho dos vilões, que viviam nas comunas, base política e econômica de suseranos e vassalos.
C) As relações servis de produção adquiriram importância e serviram de sustentáculo para a manutenção da aristocracia feudal, no interior da qual se estabeleceram relações de suserania e de vassalagem.
D) O desenvolvimento das relações servis de produção, graças a sua alta produtividade no final do período medieval, reforçou, ainda mais, os vínculos entre suseranos e vassalos em toda a Europa.
 
Questão 23
Thomas Mun, pensador inglês do século XVII, analisando o conjunto de práticas e idéias econômicas adotadas pelos Estados Modernos, afirmou:
“O recurso comum [...] para aumentar nossa riqueza e tesouro é pelo comércio externo, no qual devemos observar algumas regras rígidas. A primeira é vender mais aos estrangeiros, anualmente, do que consumimos de seus artigos. A parte de nosso stock que não nos for devolvida em mercadorias deverá necessariamente ser paga em dinheiro [...].”
 
MUN, Thomas. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de história. Lisboa: Plátano, 1976, v. 2. p.223.
O conjunto das práticas e idéias econômicas a que o texto faz referência constitui o
A) liberalismo econômico, que propunha a consolidação da aliança política e econômica dos reis absolutistas com as burguesias nacionais.
B) mercantilismo, cujos princípios incluíam a manutenção de uma balança comercial favorável e o acúmulo de metais preciosos.
C) mercantilismo, que defendia a completa eliminação do metalismo, mediante a criação de uma balança comercial superavitária .
D) liberalismo inglês, para o qual a intervenção do Estado era a única forma de uma nação superar a pobreza.
 
Questão 24
Refletindo sobre os resultados da Revolução Industrial inglesa do século XVIII, o historiador Eric Hobsbawm escreveu:
“Saber se a Revolução Industrial deu à maioria dos britânicos mais ou melhor alimentação, vestuário e habitação, em termos absolutos ou relativos, interessa, naturalmente, a todo [estudioso]. Entretanto, ele terá deixado de apreender o que a Revolução Industrial teve de essencial, se esquecer que ela não representou um simples processo de adição ou subtração, mas sim uma mudança social fundamental”.
 
HOBSBAWM, Eric. Da Revolução Industrial inglesa ao imperialismo. Rio de Janeiro: Editora Forense-Universitária, 1983. p. 74.
A mudança referida acima resultou na
A) crescente formação de sindicatos de orientação socialista, fundamentados nas aspirações políticas e sociais da classe média inglesa.
B) ruína dos grandes proprietários de terras, a partir do deslocamento do eixo econômico, do campo para a produção fabril de natureza urbana.
C) melhoria da ordem social existente, em virtude da significativa remuneração do trabalho feminino em relação à remuneração do homem adulto.
D) nova condição do proletariado, destituído de qualquer fonte de renda digna de menção além do salário em dinheiro que recebe por seu trabalho.
 
Questão 25
A imagem ao lado ilustra um aspecto da política externa norte-americana no período posterior à Segunda Guerra Mundial. 
O Plano Marshall ao qual o cartaz se refere visava a
A) estabelecer bases políticas e militares nos países do Leste Europeu, enfraquecendo o poderio da União Soviética.
B) bloquear o desenvolvimento econômico dos países dominados pela URSS, subordinando-os aos interesses norte-americanos.
C) recuperar economicamente os países europeus devastados pela guerra e impedir a disseminação dos ideais comunistas.
D) garantir o acentuado processo de desnazificação na Alemanha, o qual era uma das grandes bandeiras dos EUA.
 
Questão 26
No Brasil, a estrutura fundiária está marcada pela concentração de terras, uma das mais acentuadas do mundo, e pelo latifúndio improdutivo.
A análise do processo histórico indica que as origens desses problemas, entre outros motivos, relacionam-se com a
A) forma de ocupação territorial predominante no período colonial, cuja base foi o sistema sesmarial, aliada às conseqüências da Lei de Terras.
B) distribuição de terras do tipo sesmarial realizada pelas Câmaras Municipais, após a Independência, e com os efeitos decorrentes da imigração.
C) estrutura de propriedade decorrente da Lei de Terras, no Primeiro Reinado, como também com as facilidades concedidas aos imigrantes para a aquisição de sesmarias.
D) compra de grandes extensões de terras pelos senhores de engenho e mineradores, no início da colonização, e com a atuação desenfreada dos posseiros.
 
Questão 27
Sobre a chamada Inconfidência Mineira, a historiadora Cristina Leminski afirmou:
“Sem a derrama, o movimento esvaziavase. Para a população em geral, se a derrama não fosse imposta, não fazia grande diferença se Minas era ou não independente. O movimento era fundamentalmente motivado por interesses, não por ideais [...]. A prisão dos homens mais eminentes de Vila Rica provocou [...] alvoroço na cidade [...] e o Visconde de Barbacena foi obrigado a admitir que a tentativa de manter sigilo sobre o processo seria inútil”.
LEMINSKI, Cristina. Tiradentes e a conspiração de Minas Gerais. São Paulo: Scipione, 1994. p. 59-64.
O movimento do século XVIII abordado nesse fragmento textual relaciona-se com a
A) pretensão das lideranças econômicas de Vila Rica, principais beneficiadas com a arrecadação tributária portuguesa.
B) repercussão da Revolução Francesa no seio da elite intelectual colonial da região aurífera nas Minas Gerais.
C) exploração tributária feita pela Metrópole sobre os colonos portugueses, no contexto da crise do antigo sistema colonial.
D) revolta desencadeada pela decisão da Coroa de instalar as Casas de Fundição, com o propósito de cobrar o quinto.
 
Questão 28
O fragmento textual abaixo remete a uma conjuntura da história brasileira no século XIX.
“Quando se sabe que muitas das antigas queixas das províncias se voltavam contra a centralização monárquica, pode parecer estranho o surgimento de tantas revoltas nesse período. Afinal de contas, [se] procurava dar alguma autonomia às Assembléias Provinciais e organizar a distribuição de rendas entre o governo central e as províncias. Ocorre porém que, agindo nesse sentido, [...] acabaram incentivando as disputas entre elites regionais pelo controle das províncias cuja importância crescia. Além disso, o governo perdera a aura de legitimidade que bem ou mal tivera enquanto um imperador esteve no trono”.
 
FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: EDUSP, Imprensa Oficial do Estado, 2002. p. 89.
Nesse fragmento, o historiador Boris Fausto refere-se às
A) rebeliões regenciais, que se opunham à pretensão de D. Pedro I de unir as coroas portuguesa e brasileira, o que implicaria a recolonização do Brasil por Portugal.
B) revoltas militares decorrentes do fortalecimento do Exército após a Guerra do Paraguai, um dos principais fatores para que se abreviasse o regime monárquico brasileiro.
C) rebeliões de independência que eclodiram em Minas Gerais e na Bahia após a chegada da Família Real, em 1808, e que ameaçaram seriamente a unidade política nacional.
D) revoltas provinciais, após a renúncia do Imperador D. Pedro I, em 1831, que significaram uma ameaça à centralização do poder e à unidade política do Império.
 
Questão 29
A eclosão de movimentos sociais rurais ocorridos durante a República Velha decorreu, dentre outros fatores, do quadro de injustiça social e violência a que estavam submetidas as camadas populares. A Guerra de Canudos foi representativa desse contexto, pois
A) os rebeldes de Canudos, além de se oporem a algumas leis republicanas, insurgiam-se contra o Estado e as lideranças eclesiásticas, os quais os excluíam, privando-os dos direitos mais elementares.
B) a existência de uma comunidade sertaneja, em Canudos, controlada pelos coronéis e pela Igreja, foi imediatamente entendida como uma ameaça à ordem vigente.
C) a participação do campesinato, em Canudos, um elemento de ruptura entre o mundo rural e o urbano, decorreu da acentuada influência das idéias domovimento socialista no campo.
D) o fanatismo milenarista deu um caráter religioso ao movimento, por isso ele foi reprimido pelo governo monárquico, que o percebeu como ameaça à ordem.
 
Questão 30
As imagens abaixo fazem referência a duas das mais ativas agremiações políticas brasileiras da década de 1930. 
 
 
Sobre as agremiações políticas às quais essas imagens estão vinculadas, é correto afirmar:
 
A) Eram profundamente influenciadas pelos ideais anarquistas e comunistas, que, a partir da Europa, se difundiram para o Brasil.
B) Estavam em posições ideológicas antagônicas, que refletiam o contexto de polarização existente na Europa.
C) Participaram de um governo de coalizão com Vargas, após o golpe de 1937, que instituiu o Estado Novo no Brasil.
D) Difundiram o ideário nazifascista, proposto pelos comunistas e integralistas, base ideológica do Estado Novo.
 
Questão 31
Ao se referir ao domínio holandês sobre a capitania do Rio Grande, no século XVII, Câmara Cascudo afirmou:
“A conservação do Rio Grande foi uma questão vital, indiscutida, e todas as fontes holandesas são unânimes [...]. ‘Em 1635 os Conselheiros Políticos exaltaram a conquista final desta Capitania, como um benefício inestimável da fortuna’.”
CASCUDO, Luís da Câmara. História da Cidade do Natal. Natal: RN Econômico, 1999. p. 66. 
Um dos motivos pelos quais os flamengos exaltaram a conquista da capitania do Rio Grande foi o seguinte:
A) sem o amplo controle do rebanho bovino dessa capitania, a alimentação da crescente população holandesa em Pernambuco seria algo muito difícil.
B) para os holandeses, o essencial era o domínio da região açucareira do Engenho Cunhaú, cuja produção rivalizava com as dos maiores centros produtores do Nordeste.
C) à época, o expressivo processo de urbanização de Natal tornava o domínio dessa capitania imprescindível para a instalação da estrutura administrativa dos holandeses.
D) com a derrota holandesa na Batalha dos Guararapes, Maurício de Nassau foi forçado a deslocar suas tropas de Recife para a chamada Nova Amsterdam.
 
Questão 32
No dia 10 de fevereiro de 1944, uma crônica publicada no jornal O Diário retratou aspectos do cotidiano da cidade de Natal, nos seguintes termos: “Meio displicente o cronista entrou no café. [...] tipos de uma outra raça, a que a uniformidade das fardas cáquis emprestava um tom militar, enchiam as mesas. [...] A algaravia que se falava era estranha. [...] Sobre a fala de alguns quepes, o brasão de Suas Majestades Britânicas, ou as iniciais simbólicas da RAF canadense. A maioria, porém, era de gente da América [...]. O cronista olhou para os lados, curioso. Brasileiro, ele apenas. Sim, também as pequenas garçonnettes [...]. No entanto, aquele era um simples e muito nortista ‘café’ da rua Dr. Barata, por mais que a paisagem humana se mesclasse de exemplares de terras diferentes...”
Apud PEDREIRA, Flávia de Sá. Chiclete eu misturo com banana: carnaval e cotidiano de guerra em Natal. Natal: EDUFRN, 2005. p. 217.
Considerando-se o fragmento textual acima e as informações históricas sobre o período a que ele se refere, é correto afirmar:
A) Pela proximidade com a África e por ter sediado importantes bases militares dos Estados Unidos, Natal foi alvo de esporádicos ataques das tropas da Alemanha.
B) Os natalenses passaram a rejeitar, paulatinamente, os hábitos dos estrangeiros, como os estilos musicais norte-americanos, o uso de roupas informais e de palavras da língua inglesa.
C) O início da guerra e a ameaça de bombardeios aéreos mudaram o clima de festa em que Natal vivia e acirraram, ainda mais, as rivalidades entre brasileiros e norte-americanos.
D) A presença de um grande contingente de militares de outros países e a circulação de moeda estrangeira agitaram, de forma significativa, a vida da outrora pacata Natal.