Neolítico

Ao longo de todo o período Paleolítico, o homem desenvolveu uma série de habilidades físicas e técnicas que lhe permitiram aprimorar a sua vida na terra. Contudo, o aspecto rústico destes instrumentos lhe permitia realizar um campo bastante limitado de intervenções na natureza. Em geral, o indivíduo desse período histórico assegurava sua sobrevivência coletando alimentos oferecidos pela natureza ou realizando outras atividades, como a pesca e a caça.

No momento em que alguma alteração climática ou esgotamento de recursos inviabilizasse a sua existência, nossos ancestrais paleolíticos se deslocavam no território em busca de um lugar que oferecesse melhores condições. Dessa forma, podemos avaliar que a vida nômade foi uma das mais importantes características que marcaram a vida humana até aquele momento. Contudo, estando em constante mudança, esse homem transformou o seu modo de vida com a chegada do período neolítico. Nesse período a espécie humana abandonou sua condição de parasita da natureza e passou a encarar novas formas de trabalho, tornou-se produtor de alimentos. Selecionou animais e vegetais que lhe interessavam e desenvolveu novas técnicas. Tudo se deu no fim da última era glacial, que transformou as condições climáticas em seus mais variados aspectos. A diminuição das temperaturas provocou a formação de um clima temperado em grande parte do continente europeu. O norte da África se transformou em uma região extremamente árida e a região do Saara sofreu um grande processo de desertificação de suas terras. Em meio a essas mudanças, homens e animais foram obrigados a se espalharem por regiões diversas em busca de água e vegetação. 

Quando alcançamos a entrada do Neolítico, há cerca de dez mil anos, os grupos humanos existentes já acumulavam um variado leque de saberes apreendidos graças à sua habilidade de raciocínio. Ao longo do tempo, já sabiam distinguir quais tipos de fonte de alimento eram próprias para o seu consumo. Além disso, construíam pequenas embarcações e criavam utensílios mais resistentes do que aqueles que foram inicialmente desenvolvidos.Começou a praticar a irrigação, daí a necessidade de rios, passou a estrumar a terra, colocou cercas para guardar animais. A pesca, a caça e a coleta não deixaram de ser praticadas, no entanto tornaram-se secundárias.

Foi nesse contexto que uma profunda transformação passou a se desenvolver no cotidiano do homem pré-histórico. A observância da própria natureza permitiu que as primeiras técnicas de cultivo agrícola fossem pioneiramente desenvolvidas. Com isso, a garantia de alimento se tornava cada vez mais acessível e a constante necessidade de deslocamento se tornou cada vez menor. Essa transformação, que se difundiu ao longo dos próximos seis mil anos, deu origem à chamada “Revolução Neolítica”. Tal revolução não ocorreu da mesma forma e na mesma época e ritmo em em todas as regiões povoadas.

Conforme indicado por alguns estudiosos, essa transformação, também conhecida como “Revolução Agrícola”, primeiro ocorreu na região do chamado Crescente Fértil, ampla faixa de terras que abrangia desde o Rio Nilo, indo até o lugar onde se encontram os rios Tigre e Eufrates, local onde hoje identificamos a Síria e o Iraque. Com o passar dos séculos, o aprimoramento dessas técnicas agrícolas e a sedentarização permitiram uma dieta alimentar mais rica e um expressivo crescimento dos grupos humanos. 

Com o desenvolvimento da prática agrícola outras formas de sobrevivência não desapareceram fato que provocou o choque entre as culturas existentes - a nômade e a sedentária.

A agricultura e o pastoreio deram origem a uma divisão social mais ampla, pois surgiram sociedades que passaram a se dedicar a uma ou outra tarefa.
Estando em menor dependência da natureza e com o aumento da produtividade as populações passaram a se desenvolver mais favorecendo o surgimento de novas especializações de trabalho como o administrador da produção e do espaço, futuro Rei e os encarregados da defesa.
Nos primórdios da agricultura e da pecuária, as comunidades produziam apenas para a subsistência. O desenvolvimento tecnológico permitiu a produção de excedente consumidos igualmente pela sociedade.
Com o Neolítico surge o mito que a base da sobrevivência humana estaria assentada sobre as mulheres em razão de sua fertilidade. As mulheres passaram a ser consideradas as responsáveis pela abundância das colheitas porque conheciam o mistério da criação. A terra foi associada à mãe que gerava o filho: era chamada de mãe-terra (no caso dos gregos é chamada de Gaia), que dava origem aos homens, aos alimentos, e ainda, o retorno humano à terra ao ser enterrado após sua morte.

O sistema de representação humano foi ampliado e como exemplo podemos citar sua arquitetura - a casa, a aldeia, a terra cultivada passaram a ser valorizadas e a envolver questões rituais pois eram os lugares onde moravam ou retiravam seus alimentos. A casa tornou-se a imagem do universo em uma dimensão reduzida e que passou a materializar a divisão existente entre os sexos - a casa foi dividida em cômodos com parte dedicada aos homens e parte dedicada às mulheres.
Os rituais de magia, ou religiosos apresentam diferenças entre os primeiros espaços ocupados por homens neolíticos "simultaneamente ao culto dos mortos, aparece o culto da fertilidade ligado à agricultura e ao pastoreio. Aliás, os dois cultos interligavam-se. Os mortos eram enterrados ao lado de estátuas de argila representando figuras femininas e animais e simbolizando a fertilidade. Outros símbolos e crenças também atestam esses cultos da fertilidade: estatuetas de deusas e deuses da tempestade; crenças e rituais relacionados com o "mistério" da vegetação.