Aguirre, a cólera dos Deuses

Aguirre, a cólera dos Deuses

(Aguirre, Der Zorn Golles, RFA, 1972)

Direção: Werner Herzog

Roteiro: Werner Herzog

Fotografia: Thomas Mauch

Montagem: Beate Mainka-Jellinghaus

Música: Popol Vuh Som: Herbert Prach

Produção: Werner Herzog Filmproduktion com Hessischer Rundfunk

Distribuição: Cine internacional

Duração: lh35.

Elenco: Klaus Kinski (Don Lope de Aguirre), Ruy Guerra (Don Pedro de Ursua), Heler Rojo (Inez de Alienza), Peter Berling (Don Femando de Guzman), Eduardo Roland (0kello) Del Negro (Gaspar de Carvajal), Cecilia Rivera (Flores de Aguirre).

A trama: No século XVI, uma expedição de conquisladores espanhóis, enfrentando a febre, os índios e as feras, entra na selva amazônica em busca do Eldorado, o fabuloso reino de ouro. Lope de Aguirre, um avenlureiro ambicioso, derruba Pedro de Ursua (chefe de seu grupo) e persuade os soldados a abandonarem Pizzaro, comandante da expedição. Mais tarde, Gusman, o novo líder proclamado por Aguirre é também eliminado. 0 conquistador assume o poder com fanatismo exigindo a obediência de todos com violência. Mas aos poucos, a selva vai dizimando toda e expedição.

O diretor: Werner Herzog nasceu na Alemanha em 1942, tomando-se um dos principais nomes do Novo Cinema Alemão ao lado de Fassbinder, Wenders, Schlöendorff e outros; Criando filmes que falam de sonhadores, loucos, solitários e marginais, Herzog nunca freqüentou escola de cinema e começou a filmar após roubar uma câmera. Aos 33 anos foi premiado em Cannes com 0 enigma de KasperHauser (1974), ficando conhecido mundialmente, sobretudo pelo temperamenlo visionário e pela marca radicalmente pessoal que imprime em seu trabalho, realizado nas mais diferentes regiões do mundo.

 

Contexto histórico

O filme, que retrata o cotidiano da expedição comandada por Francisco Pizarro, em busca da lendária Eldorado na América, serve também, como uma intrigante metáfora para as sempre atuais ambições e obsessões da natureza humana.

O contexto europeu é assinalado pelo início da Idade Moderna - período histórico entre meados do século XV e final do século XVIII - que caracterizou na Europa o Capitalismo Comercial. Esse sistema foi definido politicamente pelo absoutismo e economicamente pelo mercantilismo, cuja principal característica foi o metalismo.

Numa colonização de exploração direcionada pelo mercantilismo, que priorizava a acumulação de capitais na metrópole, a América Espanhola foi de extremo valor, destacando-se regiões muito ricas em metais preciosos como as do altiplano andino e mexicano. O interesse mercantilista pelos metais raros e a abundância desse produto na América, produzirá um dos maiores massacres na história do Novo Mundo, através de um verdadeiro genocídio, onde os conquistadores espanhóis não mediram esforços para dominar as chamadas civilizações pré-colombianas (astecas, maias e incas e outros).

Nessa conjuntura destaca-se a expedição de Fernão Cortês, que entre 1519 e 1521 dominou o Império Asteca no México, garantindo para a Espanha o envio de grande quantidade de metais preciosos. A conquista de outras minas na América prossegue, quando por volta de 1530, Francisco Pizarro e Diego Almagro conquistam o Império Inca no Peru, fundando a cidade de Lima (1535)com o nome de "Ciudad de los Reyes".

Através de um violento processo de conquista e dominação, a opressão espanhola impôs-se aos nativos desestruturando pouco à pouco suas características culturais e religiosas.

Segundo as palavras do poeta chileno Pablo Neruda , "... a espada, a cruz e a fome dizimaram a família selvagem" .