A Escrava Isaura

A Escrava Isaura

No Brasil, quando ainda existia a escravidão, vivia na fazenda do senhor comendador Almeida uma bela escrava por quem ele se apaixonou, no entanto, a escrava se negou a ter com ele e como castigo foi entregue nas mãos do feitor, porém, Miguel era um homem bom e tratava a escrava da melhor forma possível, até que juntos eles tiveram uma filha.

O nome da menina era Isaura. O comendador, pai de Leôncio, demitiu Miguel e facilitou a morte da mãe da escravinha, essa foi levada para a casa grande onde recebeu educação e foi criada como a filha que a esposa dele não teve. Isaura cresceu e se tornou uma moça bela e educada, e era vontade da Senhora da casa dar-lhe a liberdade, mas preferia dar tal coisa a ela apenas em seu leito de morte porque, assim, só não a teria mais depois de morta.

Porém, ela morreu antes e a vida de Isaura ficou entregue a Leôncio, esse era um jovem de má índole que quando jovem saltara de faculdade a faculdade até chegar à Europa onde viveu longe dos estudos e, retornando ao Brasil, depois de gasto parte da fortuna, se direcionou ao comércio acreditando ser um grande talento da área e por fim casou-se com Malvina por interesse.

Nesses tempos a mãe de Leôncio morrera subitamente sem exigir a libertação de Isaura e o comendador se mudara para a corte vivendo a gastos. Isaura vivia a serviço de Malvina, e foi com a presença dela dentro da casa que Leôncio se apaixonou.

Declarava-se a Isaura, que se mantinha indiferente e negando-se a qualquer envolvimento, prometia lhe fazer rainha e quando era negado a ameaçava, acreditava que a teria de qualquer modo, afinal, ela era propriedade dele. Leôncio conversava com seu cunhado Henrique, que estava visitando-o,s sobre seus interesse, ele moralístico e educado não se empolgava como ouvinte.

E foi em uma manhã que Malvina foi novamente pedir pela liberdade de Isaura que Henrique se declarou à escrava, essa da mesma forma o negou. Porém, Leôncio estava à porta e viu o que acontecera. Assim, Henrique saiu declarando que contaria para irmã os desejos do marido.

Nessas circunstâncias Isaura foi para o jardim onde nova declaração foi feita, por parte de Belchior, o jardineiro. Depois de recusá-lo Isaura teve que novamente receber de Leôncio palavras de amor, no entanto, dessa vez Henrique e Malvina estavam a janela e tudo ouviram.

Malvina declarou que Leôncio teria que escolher entre ela e a escrava, ou seja, para ela continuar ali Leôncio teria que vender ou dar a liberdade a Isaura. Exatamente após essa declaração Miguel, pai de Isaura, chegou. Vinha para comprar a filha pelos dez contos de réis que o comendador havia exigido no prazo de um ano. Leôncio estava complicado e arranjou como desculpa que a escrava não o pertencia, visto que seu pai ainda era vivo e assim ele teria que escrever ao pai antes.

E foi nesse momento que uma carta anunciando a morte do comendador chegou e logo as esperanças de Isaura se findaram. A casa ficou em luto, passados alguns dias Malvina partiu, pois Leôncio não tomara providência nenhuma em relação à Isaura, apenas a mandou para a senzala. Como ela se negava a ter com ele, Leôncio preparava-lhe castigos físicos.

 

Frente a essa situação que Miguel, em visita secreta à filha e aproveitando a falta de vigilância sobre ela, levou-a embora.

Foram para Pernambuco, ela era tratada como Eusira. Escondiam-se de todo da sociedade. Até que Álvaro apareceu, apaixonou-se instantaneamente por Isaura, essa primeiramente fugia do jardim quando ele passava na porta, mas como o sentimento era recíproco acabaram por se tornarem amigos. E depois de muita insistência dele e afirmando que já lançavam suspeitas é que Isaura e Miguel aceitaram ir a um baile que ele oferecia.

Nessa apresentação pública Isaura deixava todas as demais moças desalentadas e os rapazes encantados, no entanto, sofria por enganar Álvaro e se passar por quem não era.

Leôncio havia acionado toda ajuda na procura de Isaura, e espalhara cartazes com a descrição dela oferecendo recompensa. E foi por um desses cartazes que Martinho reconheceu Isaura na noite do baile, declarando em público que ela era uma escrava, a pobre envergonhada confessou suas origens.

O baile se findou e todos foram embora. Álvaro inicialmente não acreditou, mas depois reconheceu ainda amar Isaura e se pôs como protetor dela. Martinho, no entanto, recebera uma carta de permissão mandada por Leôncio para prendê-la e levá-la de volta para as posses dele. Porém, quando foi cumprir com a ação, Álvaro lhe ofereceu o dobro da quantia que ganharia para prender Isaura. Assim, Martinho voltou à polícia e declarou que a moça não era a escrava fugida.

No entanto, no mesmo dia Leôncio chegou à casa de Isaura e mesmo com o esforço de Álvaro foi levada presa.

Na fazenda, Malvina voltara para casa, Leôncio inventara mentiras a cerca de Isaura. Ela ingênua voltou para casa, satisfazendo ao marido que só a buscara de volta porque estava com dívidas e ter de volta a esposa era ter de volta o dinheiro do sogro. Isaura estava presa em um quarto escuro e ainda se negava a ter-se com o senhor.

Leôncio então planejou uma nova vingança, daria a ela liberdade com a condicional de se casar com Belchior. Ele também forjou uma carta de Álvaro em que ele se gabava do casamento e de como queria Isaura para mucama de sua esposa. Foi assim que Isaura sem motivo algum para acreditar em um futuro aceitou o casamento.

No dia do casamento, quando esperavam pelo padre e pelo escrivão, Álvaro chegou. Recebeu a notícia do casamento de Isaura, porém afirmou que tal coisa não era possível já que ele havia se tornado o credor das dívidas de Leôncio, sendo assim dono de seus bens e que agora toda a riqueza do rival pertencia a ele, inclusive Isaura.

Afirmou ainda que não deixaria Leôncio e Malvina na miséria, mas, frente a isso, Leôncio afirmou que não permitiria a Álvaro o prazer de o ver suplicar caridade e assim se matou com um tiro na cabeça.

Autor do livro: Bernardo Guimarães 

 

Fonte: Site Brasil Escola, escrito por Rebeca Cabral.